sexta-feira, 16 de maio de 2014

Especial Contagem do Tempo: Afinal, por que uma hora tem exatamente 60 minutos?


Todos sabemos desse fato, mas como chegamos a dividir a hora em 60 minutos e os minutos em 60 segundos?



Estas divisões menores de tempo tem sido usadas há apenas 400 anos, mas foram vitais para o advento da ciência moderna.

Por milênios, as civilizações antigas observavam o céu para medir as grandes unidades de tempo. Havia o ano, que é o tempo que leva a Terra para completar uma órbita ao redor do Sol; o mês, aproximadamente o tempo que leva a órbita da lua ao redor do nosso planeta; da semana, que é aproximadamente o tempo entre as quatro fases da lua; e o dia, que representa a duração de uma rotação da Terra sobre o seu eixo.

O uso de 60 minutos começou com os sumérios, que utilizaram diferentes sistemas numéricos para várias atividades. Esta civilização possuía sua base com 12 números ("duodecimal") e com 60 ("sexagesimal"). Não se sabe exatamente por que eles escolheram esses sistemas, mas sabe-se que muitas culturas antigas usavam os três segmentos de cada dedo para contar até 12. Uma das hipóteses é que os 60 minutos surgiram com cinco dedos de uma mão com os doze segmentos da outra. Doze foi um número importante para os sumérios, e mais tarde para os egípcios. Por exemplo, foi o número de ciclos lunares num ano e o número de constelações do Zodíaco.

No século 24 a.C, os sumérios foram conquistados pelos acádios, que, em seguida, foram derrotados pelos amorreus, que subiram ao poder e construíram a nação-estado da Babilônia, que atingiu o pico no século 18 a.C. Os babilônios inventaram o grau e definiram o círculo como algo que tinha 360 graus. Há um par de teorias a respeito de porque eles escolheram 360:

1. Os babilônios entenderam que um ano poderia ter 360 dias; daí os movimentos ao longo da eclíptica seriam de 1 grau por dia.

2. O raio de um círculo forma um hexágono circunscrito de seis triângulos equiláteros, e, assim, um sexto de um círculo constitui uma medida de ângulo natural. Nos números herdados dos sumérios, o valor de um número sexagesimal foi inferido a partir do contexto, por isso seis foi "escrito" da mesma forma que 360.

Astrônomos babilônios começaram a catalogar estelas no século 14 a.c. A Astronomia floresceu conforme eles foram desenvolvendo uma profunda compreensão do sol e dos ciclos da lua, e ainda a previsão de eclipses previstos. Catálogos estelares babilônicos serviram como base da astronomia por mais de mil anos, apesar da expansão do Império Assírio Médio, Império Neo-Assírio, Império Neobabilônico e o Império Aquemênida.

As conquistas de Alexandre, o Grande, entre 335 e 324 a.C, ajudaram a difundir a astronomia babilônica para a Grécia e Índia. Embora os gregos tivessem seus próprios números na base decimal, esses catálogos criaram uma forte associação entre a astronomia e o tal sistema sexagesimal, que os estudiosos gregos (e mais tarde, romanos) continuaram utilizando. Esta associação logo se transformou em poderosa navegação e a criação da trigonometria.

Após a descoberta por Eratóstenes de Cirene que a Terra é redonda, no primeiro século a.C, Hipárco de Nicéia adaptou os graus par quantificar as linhas de longitude e latitude. Dois séculos mais tarde, no Império Romano, Ptolomeu de Alexandria subdividiu o grau em 60 (minutos) e 60 segundos. Esta convenção de "graus, minutos e segundos" é usada ainda hoje para traçar locais da Terra, bem como as posições das estrelas.

Grande parte desse conhecimento foi perdido na Europa durante vários séculos após a queda de Roma no século V d.C. Os impérios islâmicos herdaram muitas ideias romanas com o Rashidum Califado no século VIII, por meio da Península Ibérica, que era então parte do Califado Omíada.

No século X, o Califado de Córdoba tornou-se muito influente na transferência de conhecimento para os estudiosos cristãos medievais. Tais obras incluíram muitos escritos perdidos por estudiosos gregos e romanos, a invenção da álgebra do século IX pelo estudioso persa Al-Khwarizmi, a invenção indiana de números 0-9 e a invenção de um símbolo para zero, no século VII, pelo estudioso indiano Brahmagupta.

Astrônomos medievais foram os primeiros a aplicar valores sexagesimais ao tempo. No século XI, o estudioso persa Al-Biruni tabulou o tempo em novas divisões mais específicas: 60 minutos, 60 de 60 (segundos), 60 de 60 de 60 (terços), e 60 de 60 de 60 de 60 (quartos). As luas cheias foram usando essas mesmas divisões por um estudioso cristão chamado Roger Bacon no século XIII.

Minutos e segundos, no entanto, não foram utilizados para cronometragem por vários séculos. O relógio mecânico apareceu pela primeira vez na Europa no final do século XIV, mas com apenas um ponteiro, inspirado no desenho de relógios de sol e de água. Minutos e segundos eram apenas quantidades de tempo hipotéticas. Os astrônomos do século XVI começaram a perceber fisicamente os minutos e segundos com a construção de melhores relógios, que tinha objetivo de melhorar as medições do céu.

Tycho Brahe foi um desses pioneiros do uso de minutos e segundos, e foi capaz de fazer medições de precisão sem precedentes. Em 1609, Isaac Newton usou essas leis para desenvolver sua teoria da gravitação, mostrando que os movimentos terrestres e celestes eram regidos mesmas leis matemáticas.

Hoje, 5 mil anos depois dos sumérios começarem a usar o número 60, dividimos nossos dias, horas, minutos e segundos. Nos últimos anos, foram alterados o modo como as unidades são medidas. Já não mais obtido pela divisão de eventos astronômicos em partes menores, o segundo é agora definido em nível atômico. Especificamente, um segundo é a duração de 9.192.631.770 transições de energia do átomo de césio.

FONTE: JORNAL CIÊNCIA

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